AFETIVIDADE

Conceituar afeto, amor sempre foi algo muito fácil e, ao mesmo tempo, muito difícil, pois para os amantes o amor é melhor definido sentindo e não falando, descrevendo. Poetas e apaixonados o conceituam das mais variadas formas desde o início dos tempos. Porém, vejamos o que dizem aqueles que tentam, racionalmente, explicar a afetividade.
GALVÃO (1999) diz que são quatro os temas fundamentais nos quais Wallon se baseou para elaborar seu projeto teórico no qual pretendeu fazer a psicogênese da pessoa completa: afetividade, movimento, inteligência e a questão da pessoa, do eu.
Pensando, pois, em afetividade, podemos defini-la de acordo com FERREIRA (2000) como sendo o "Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza."
Assim, podemos dizer que as emoções são uma forma de comunicação que, sobretudo no recém-nascido constitui a maneira de se relacionar com o novo meio ao qual está exposto, usando-as para expressar seus sentimentos de solidão, fome, alegria, tristeza, incômodo entre outros. Além disso a emoção é contagiosa. Quem nunca se sentiu tocado ao ver alguém chorando ou se alegrou ao ver alguém extremamente feliz? Isso dá ao bebê o poder de mobilizar as outras pessoas a perceberem o que ele está sentindo ou deseja. (GALVÂO, 1999).

A CONSTRUÇÃO DOS AFETOS NA VIDA DA CRIANÇA

A problemática emocional está ligada aos conflitos interiores e dispersão do indivíduo, o que dificulta sua interação com o meio, prejudica sua capacidade de atenção, concentração e de relacionamento interpessoal. A figura materna tem papel decisivo na "prevenção" desses problemas. O afeto que ela dedica à criança, especialmente nos cinco primeiros anos de vida, é responsável por grande parcela da sua personalidade na vida adulta, pois a ligação mãe-filho nessa faixa etária é muito intensa e a criança se fixa na mãe, tendo-a como exemplo e modelo para suas atitudes futuras.
De acordo com NOVAES (1984) a carência afetiva materna não só produz choque imediato, mas deterioração progressiva, tanto mais grave, quanto mais longa e precoce for a carência. Essa deterioração é um processo evolutivo que pode culminar numa desintegração da personalidade, como também provocar distúrbios sérios na área somática. Enfim, a angústia provocada, em crianças pequenas, pela perda ou separação da figura materna determina mecanismos de defesa que podem comprometer e modificar a sua personalidade.
Tanto o excesso como a falta de afeto pode prejudicar a aprendizagem. Por isso, sua maturidade afetivo-emocional deve estar até certo ponto desenvolvida quando esta é levada a ingressar na escola. Esse grau de maturidade é o que vai definir os rumos do desenvolvimento cognitivo da criança e para que tudo corra bem ela precisa ter um clima de segurança emocional tanto em casa como na escola.
Problemas físicos e psíquicos são facilmente identificados como indicadores dos problemas de adaptação e aprendizagem das crianças na escola. Não podemos deixar de lado os problemas emocionais. A escola e professores, especialmente os de maternal, devem prever e estar preparados para atender prontamente essas crianças com problemas emocionais decorrentes de sua relação familiar, propiciando-lhes um clima de estabilidade emocional e contribuindo para que o ingresso e permanência da criança na escola ocorram de maneira normal e tranqüila, onde haja uma socialização efetiva dessa criança com os professores e funcionários da instituição bem como com as demais crianças. O nível de aprendizagem deve ser avaliado observando o fator emocional que condiciona a criança a ter certas atitudes como desatenção, falta de concentração, apatia, agressividade ou indiferença, dificultando seu desenvolvimento cognitivo.
Problemas de natureza emocional e psíquica devem ser trabalhados em conjunto com a escola, família e um profissional, psicólogo ou psicopedagogo, que estará responsável pela avaliação e intervenção terapêutica auxiliada pelos professores e familiares da criança.



RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO

Nas últimas décadas muitas coisas influenciaram a Educação. Uma delas foi a emancipação da mulher, antes maior responsável pela criação, cuidados e educação dos filhos. Hoje, a mulher deixa a sua casa e disputa, de igual para igual com o homem, o seu espaço no mercado de trabalho. As meninas já não brincam só de bonecas e casinhas, as moças não sonham só com um príncipe encantado, elas querem igualdade de deveres e direitos.
Com toda essa reviravolta, para quem fica a responsabilidade de educar? Para a escola? Sim. A escola vem assumindo papéis antes destinados à mulher e ao seio familiar. E, talvez por esse acréscimo nas suas obrigações, não esteja acompanhando o avanço social e não esteja cumprindo com o que pais e sociedade esperam dela: a completa formação do ser humano e cidadão.
Como profissional o professor tem o dever de apresentar seu produto (aluno-cidadão) da forma que o cliente (pais e sociedade) desejam. Sempre foi assim: a escola forma pessoas nos moldes esperados pela sociedade. Por isso passamos por escolas tecnicistas, bancárias, renovadoras, tradicionais, construtivistas etc, dependendo do momento vivido pelo país ou pelo mundo.
Precisamos reconstruir uma nova escola resultante da fusão entre a escola antiga e a atual, capaz de formar mentes pensantes, com conteúdo e voltada para formação profissional e desenvolvimento do homem enquanto ser afetivo, emocional, religioso etc.
Conforme CURY (2003) os professores precisam deixar de serem bons e se tornarem fascinantes para que suas aulas e conteúdos façam sentido e possam ser assimilados por seus alunos. Diz também que são sete os pecados capitais dos professores:
1. Corrigir publicamente
Causa um clima desagradável para todos os presentes, além do trauma que a pessoa terá que enfrentar dali em diante. O ideal continua sendo conversar e levar a pessoa a refletir sobre seu ato em particular;
2. Expressar autoridade com agressividade
A autoridade dos pais e professores deve ser conquistada com inteligência e amor. Expressar autoridade com agressividade nos faz ser respeitados por temor e não pelo reconhecimento do nosso caráter;
3. Ser excessivamente crítico, obstruindo a infância da criança
Através dos erros e falhas também aprendemos. Devemos deixar nossos filhos e alunos experimentarem, errarem, para poderem pensar a respeito e descobrirem o mundo que os rodeia. Crianças se desenvolvem através de brincadeiras, corridas, quedas e travessuras. Enclausurar um criança num conjunto de regras adultas só contribui para que ela seja um adulto infeliz;
4. Punir quando estiver irado e colocar limites sem dar explicações
Punir num momento de ira significa que você está tentando se vingar do erro do seu filho ou aluno. Busque sempre compreender a situação e leve a criança a refletir sobre o que fez. As explicações são sempre necessárias. Mesmo que você parta para punição física, esta deve ter um valor simbólico que a criança tem de compreender;
5. Ser impaciente e desistir de educar
Quando o jovem ou a criança parece não ter jeito, falta-nos paciência. As dores vividas por eles e seus pedidos de ajuda, carinho e conforto são das mais variadas formas, até com agressividade. Nessas horas, temos que acreditar e investir para que não se percam nos seus mundos de sofrimento;
6. Não cumprir com a palavra
Saber dar um não é uma forma de educar as emoções, desde que uma vez dada a palavra, esta não volte atrás. As frustrações vividas por um não recebido ensinam ao jovem que nem tudo que ele desejar, obrigatoriamente alcançará. Devemos sempre cumprir com o que prometemos ou falamos, do contrário, cairemos em descrédito e estaremos deixando nossos filhos e alunos despreparados para esse tipo de situação em suas vidas;
7. Destruir a esperança e os sonhos
Com sonhos e esperanças temos razões para viver. O jovem sem motivação torna-se opaco, sem alegria. Como educadores das emoções, jamais devemos fazer críticas severas às pessoas.